Quarta-feira, 2 de Fevereiro de 2011

OS GREGOS NO SÉCULO V a.C

A Grécia situa-se na Península Balcânica e é banhada a sul, pelo Mediterrâneo, a este pelo mar Egeu e , a oeste, pelo mar Jónio.

    

Fig.1 – Mapa da Grécia Antiga

O seu território é montanhoso, com vales estreitos e algumas planícies. A costa é formada por golfos e baías. Os rios são irregulares e de fraco caudal. Nos vales e nas planícies eram cultivados cereais, vinha e oliveira, nas terras altas dedicavam-se à pastorícia. Com um solo pobre o destino dos gregos foi o mar. Aventuraram-se pelo mar Egeu, mais tarde por todo o Mediterrâneo, em busca de terras férteis onde pudessem fixar-se, comerciar ou procurar riquezas.

Os Gregos ou Helenos, nome por que os gregos se designavam a si próprios, eram povos oriundos do sul da Rússia, que falavam dialectos Indo-europeus. No 2º milénio a.C., vieram fixar-se na Grécia, em vagas sucessivas.

Os primeiros, os Aqueus, que foram influenciados pela civilização cretense. Fundaram pequenos reinos, com palácios fortificados.

No século II a.C., chegam os Dórios que difundem as armas de ferro, com eles veio a guerra e a devastação. Muitos dos gregos emigram, povoando as ilhas e as costas da Ásia Menor.

Apesar das suas origens diversas, os Helenos tinham consciência de formar um só povo, unidos pelas mesmas tradições, língua e religião.

2.1.1 – O MUNDO HELÉNICO

Os gregos nunca chegaram a formar um estado unificado, devido a diversos factores, sendo um dos mais importantes o relevo, assim como o isolamento das populações.

No século VIII a.C., deu-se um crescimento populacional e desenvolveram-se os aglomerados urbanos, que se tornam o centro de pequenos Estados independentes. Nasceram assim as Cidades-Estados, a que os gregos chamaram Pólis.

Uma Cidade-Estado era uma comunidade de homens livres – os cidadãos – tinha um governo próprio e leis próprias.

A Pólis devia ter capacidade de se defender e sustentar os seus habitantes. Os cidadãos reuniam-se na ágora, a praça da cidade, para discutir os assuntos públicos. Na parte alta da cidade erguia-se a acrópole, onde estavam situados os templos (Fig. 2).

 

Fig. 2 – Vista da Acrópole de Atenas

Mas os gregos não ficaram limitados ao seu território, a partir de meados do século VIII a.C., o crescimento populacional, veio a provocar a fome e as lutas sociais, o que provocou a emigração.

Os gregos fundaram inúmeras colónias, desde as costas do mar Negro à Península Ibérica. Cada colónia era uma Pólis independente, mas continuava ligada à metrópole, quer por laços comerciais, como religiosos.

 

2.1.2 - ATENAS

Por volta do século V a.C., Atenas era a Cidade-Estado mais poderosa da Grécia. O seu território ocupava a Península da Ática, onde a produção de cereais era escassa, havia muitas vinhas, figueiras e oliveiras, os campos ofereciam aos gados boas pastagens e as montanhas tinham ricas minas de prata.

Os atenienses desenvolveram as actividades artesanais, a cerâmica, a metalurgia e a construção naval.

Por tudo isto, Atenas tornou-se num centro de comércio, o porto do Pireu atraía mercadores de todo o mundo helénico e estrangeiros. Os atenienses exportavam os seus excedentes (vinho, azeite e cerâmica) e importavam (trigo, papiro, minérios e escravos), grande parte dessas importações eram pagas com moeda.

Era sobre esta economia marítima e mercantil que assentava a prosperidade de Atenas.

 

 

Mas no início do século V a.C., os Persas, invadiram a Grécia, os gregos uniram-se formando a Liga de Delos. Liga essa que era dominada pela cidade de Atenas. Findo o perigo Persa a cidade de Atenas vai servir-se da poderosa armada da Liga de Delos para impor a sua supremacia económica e política sobre os seus aliados, passou assim a exercer um verdadeiro imperialismo marítimo no mar Egeu.

2.1.3 – A SOCIEDADE

Atenas foi a primeira Cidade-Estado a implantar um novo regime social e político: a Democracia.

Democracia significa poder do povo, isto quer dizer que o governo da Pólis pertencia a todos os cidadãos, todos tinham os mesmos direitos políticos e gozavam de igualdade perante a lei. Mas este regime foi uma conquista do povo de Atenas, visto entre os séculos VIII e VII a.C., os aristocratas dominavam a Pólis, mas um, longo período de lutas sociais e de sucessivas reformas, Clistenes instituiu em 508 a.C., a democracia.

A população Ateniense por volta do século V a.C., anda à volta de 460 mil pessoas, mas os cidadãos eram só cerca de 42 mil.

Cidadãos eram todos os indivíduos do século masculino, maiores de 18 anos, filhos de pai e de mãe ateniense. Só eles tinham direitos políticos: podiam votar na Assembleia e exercer funções de magistrados e juizes, assim como, só eles podiam ter propriedades na Ática, mas as mulheres eram excluídas da vida pública.

A restante população era constituída por metecos e escravos.

Os metecos eram estrangeiros que residiam em Atenas, dedicavam-se ao comércio e ao artesanato. Apesar de contribuírem para a riqueza da cidade, não tinham direitos, mas era-lhes exigido o serviço militar e o pagamento de um imposto especial.

Os escravos, eram considerados como um instrumento de trabalho, não tinham quaisquer tipo de direitos, podiam ser comprados e vendidos, mas eram quase sempre tratados com relativa humanidade.

2.1.4 – OS ÓRGÃOS DE GOVERNO

Quando Clistenes instituiu a democracia, os órgãos de governo ficaram a funcionar do seguinte modo:

ë  ASSEMBLEIA DO POVO – ou Eclésia, onde tinham lugar todos os cidadãos, todos podiam tomar a palavra e votavam de braço no ar. Aprovavam leis, elegiam os magistrados mais importantes (os estrategos) e votavam o ostracismo.

ë  O CONSELHO – ou a Bulê (constituído por 500 membros, tirados à sorte anualmente entre os cidadãos que se candidatavam), tinham como função preparar as leis para serem discutidas e votadas na Eclésia.

ë  OS MAGISTRADOS – aplicavam as leis. Os principais eram os 10 estrategos, eleitos por um ano, que chefiavam o exército , a marinha e a administração e os 10 arcontes, sorteados anualmente, com funções religiosas.

ë  OS TRIBUNAIS – julgavam os crimes. O principal era a Helieia, formado por 6000 juízes escolhidos por sorteio (Fig. 5).

Este regime democrático aperfeiçoou-se  ainda mais no tempo de Péricles, um dos maiores governantes de Atenas, foi eleito estratego durante quinze anos.

Péricles instituiu uma remuneração para quem exercesse certos cargos públicos. Deste modo, mesmo os cidadãos mais pobres passaram a participar na vida política.

Por outro lado, Péricles reforçou o imperialismo ateniense, fundou colónias nos territórios aliados e serviu-se dos recursos da Liga de Delos, foi esta prosperidade que permitiu sustentar as instituições democráticas.

  

 

 

Fig. 5 – Funcionamento democrático ateniense

2.1.5 – A FORMAÇÃO DO CIDADÃO

Até aos 7 anos as crianças viviam no geneceu, entregues aos cuidados da mãe. A partir dessa idade, os rapazes iam para a escola, se a família tivesse meios o rapaz era acompanhado por um pedagogo, que o auxiliava nos estudos, podia ser mesmo um escravo.

Na escola, o rapaz aprendia a ler e escrever, e a recitar de cor os poemas antigos, através destes – Odisseia, Ilíada e poemas homéricos – ficava a conhecer as acções dos grandes heróis, que deveriam servir-lhe de exemplo moral.

Estudava ainda aritmética, música. Por volta dos 12 anos, iniciava a sua educação física.

Entre os 15 e os 18 anos, continuava a sua formação nos ginásios – praticava atletismo e seguia as lições dos sofistas, adquiria assim qualidades para ser um bom cidadão: a destreza física e a capacidades de exprimir as suas ideias e de as debater com os adversários.

2.1.6 – OS LIMITES DA DEMOCRACIA ATENIENSE

ë  Só os cidadãos que eram uma minoria, gozavam dos direitos democráticos, os metecos e os escravos, assim como as mulheres estavam privados desses direitos.

ë  Os escravos é que asseguravam o trabalho indispensável à sociedade.

ë  O bom funcionamento da democracia dependia do imperialismo ateniense, isto é, da sujeição dos outros povos gragos.

No entanto o modelo político ateniense é seguido ainda hoje pela maioria dos países do mundo.

2.1.7 – OS DEUSES E O CULTO

Os Gregos eram politeístas, adoravam vários deuses, e, consideravam-nos semelhantes aos homens: tinham a mesma forma física, assim como qualidades e defeitos. Apenas se distinguiam por gozarem da imortalidade e de poderes sobrenaturais.

Nos séculos V e IV a.C., as pólis tinham uma especial devoção por Zeus (Pai dos Deuses), Poseidon (Deus do mar), Hades (Deus dos mortos) e Apolo (Deus do sol, da poesia e da juventude). Os gregos pensavam que os deuses moravam no Olimpo (a montanha mais elevada da Grécia).

A GRANDE DIVERSIDADE DE CULTOS

/ CULTO DOMÉSTICO – em casa, junto ao altar, a família reunia-se para honrar os seus antepassados e prestar culto às divindades que protegiam o lar; 

/ O CULTO CÍVICO –na cidade, templos e actividades culturais e desportivas eram dedicadas aos deuses protectores da pólis. No caso de Atenas, o culto principal era dirigido à deusa Atena. 

/ CULTO PAN-HELÉNICO – no país, grandes santuários nacionais atraíam peregrinos de todo o mundo grego para prestar culto em honra de um mesmo deus (Apolo em Delfos e a Zeus em Olímpia). Fig. 7 

 

 

Fig. 7 – Santuário de Delfos

Alguns santuários exerceram uma grande influência na vida das cidades.

Foi o caso dos santuários de Apolo, em Delfos, graças à fama dos seus oráculos, isto é das mensagens transmitidas pela divindade aos crentes, através da sacerdotisa.

 

Aquando das grandes festa  religiosas, frequentes na Grécia, realizavam-se frequentes jogos em honra dos deuses locais. Os mais famosos eram os Jogos Olímpicos. Celebravam-se de 4 em 4 anos, em honra de Zeus, na cidade de Olímpia, onde ocorriam concorrentes e espectadores vindos de todas as partes da hélade.

Os Jogos Olímpicos compreendiam um festival de competições desportivas, cerimónias religiosas, exposições de arte e concursos de música e teatro. O programa das provas desportivas englobava corridas pedestres, luta, hipismo e o pentatlo.

Em Atenas realizavam-se os Jogos Panatenaicos constituídos por provas atléticas, concursos de música e regatas e celebravam-se em honra da Deusa Atena.

2.1.8 – Teatro, Pensamento e Arte

 

Fig. 8- Esquilo

No século V a. C., a cultura ateniense atingiu grande brilhantismo. Entre outras manifestações culturais, destacaram-se o teatro, a história, a filosofia e a oratória. Por esta razão, Atenas foi considerada a “Escola da Grécia”. O seu nível de desenvolvimento foi muito elevado, marcando profundamente a cultura europeia.

TEATRO

O Teatro foi uma das mais ricas e originais criações gregas. Teve as suas origens em danças e cantos de festas consagradas, ao culto de Dioniso (Deus do Vinho). Os géneros teatrais admitidos a concurso eram: a tragédia e a comédia.

Os grandes autores de tragédia do século V a. C., são Esquilo (Fig. 8), Sófocles e Eurípedes. As suas obras retratam os sentimentos, conflitos e paixões humanas face à impiedade dos deuses.

O mais famoso autor de comédia foi Aristófanes, na sua obra critica alguns aspectos da vida política e ridiculiza os vícios e defeitos da sociedade.

 

Assim o teatro estava estreitamente ligado à vida da pólis.

 

HISTÓRIA

O interesse em conhecer e relatar, de maneira tão exacta quanto possível, os acontecimentos, surge, pela primeira vez no Ocidente, com Heródoto (Fig.8). Por isso ele é considerado o “pai da História”. Mas o primeiro historiador, de facto, é Tucídides, pois na sua obra A GUERRA DO PELOPONESO narra os acontecimentos com objectividade e explica-os com imparcialidade.

 

 

 

FILOSOFIA

A vontade de saber e o desejo de procurar compreender o Homem e o mundo animou alguns pensadores.

No século V, o ambiente político-cultural ateniense atraiu intelectuais de toda a Hélade e tornou-se o grande centro de filosofia.

O mais célebre filosofo foi Sócrates, ensinava os homens a conhecerem-se a si próprios e a colocarem a verdade e a virtude como os principais objectivos do conhecimento ou sabedoria. Entre os seus continuadores sobressaíam Platão e Aristóteles.

Mas os filósofos gregos desenvolveram e aperfeiçoaram conhecimentos noutras áreas do saber, como a física, a matemática, a astronomia e a medicina.

 ARTE

Na Acrópole de Atenas ergue-se um conjunto de edifícios que testemunham o apogeu da arquitectura grega antiga, com destaque para os templos Jónicos de Erectéion e Atena Niké e o Dórico do Parténon. Foram construídos na 2ª metade do século V a. C., após a destruição de Atenas pelos Persas. A reconstrução da Acrópole foi impulsionada por Péricles e dirigida por Fídias. As ideias artísticas dos gregos exerceram grande influência ao longo do tempo, chegando mesmo aos nossos dias.(Fig.11)

 

Fig.10 – Ordem Dórica e Jónica

 

 

 

 

  

Os atenienses consagraram o melhor dos seus esforços e recursos ao embelezamento da sua cidade e, sobretudo, à construção de templos em honra dos deuses. Por isso são os mais representativos e belos monumentos da arte grega.

A fachada do templo é constituída pela colunata, entabelamento e frontão. Ora, é em função das características destes três elementos arquitectónicos que, em geral, se classifica os templos em duas ordens distintas: a ordem Dórica, simples e de aspecto pesado, e a ordem Jónica, mais graciosa e elegantes.

  

Fig. 11 – Parténon, Ordem Dórica                                                

 

Fig. 12 – Templo de Atena Niké, Ordem Jónica

Estas duas ordens foram adoptadas indistintamente em Atenas, mas mais tarde, em finais do século V a. C., surgiu na cidade de Corinto uma nova ordem derivada da Jónica, mas pouco utilizada pelos gregos – a ORDEM CORÍNTIA.

 

Em qualquer dos casos, as proporções em cada ordem obedecem, sempre, a regras matemáticas, daí resulta um perfeito equilíbrio e harmonia entre os diferentes elementos e o conjunto arquitectónico.

As características da harmonia e perfeição são, também, evidentes nas obras escultóricas. O tema por excelência da escultura é a figura humana, quer se trate de deuses, heróis ou atletas, em qualquer dos casos, as figuras esculpidas aproximavam-se tanto quanto possível da Natureza, reproduzindo a anatomia e os movimentos do corpo (naturalismo), mas sujeitando-se a um certo ideal de beleza, em que sobressai a juventude e a serenidade do rosto (idealismo).(Fig.13 e 14)

No século V a. C., a escultura atinge um elevado nível com Fídias, Míron e Policleto.

 

 

 

 

Fig.13 – Doríforo de Policleto

 

Fig.14 – Praxíteles, Hermes brincando com o pequeno Dioniso, século IV a.C.

A pintura, esteve associada à escultura, no entanto, os nossos conhecimentos sobre a pintura grega limita-se à decoração dos vasos de cerâmica, já que a restante desapareceu.

 

A pintura em vasos no período clássico variam desde a mitologia à vida diária. São por isso, uma importante fonte de conhecimento da vida e culturas gregas.

No século V a.C., os motivos decorativos são mais naturalistas, como cenas do dia-a-dia em tom vermelho sobre fundo negro.

O elevado nível de perfeição e beleza das obras de arte de Atenas no século V a.C., serviu de inspiração e modelo a artistas de muitas épocas e distintas sociedades.

Por isso, designa-se essa época artística como Período Clássico.

publicado por ciclo às 08:42
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3 comentários:
De jocas a 6 de Março de 2012 às 10:08
podiam colocar mamas de mulheres como meteram a pênis do homem
De antonio a 6 de Março de 2012 às 10:09
acho que isto nao deveria aparecer num blog de educaçao
De pedro a 26 de Fevereiro de 2013 às 19:47
não concordo este seite ajudou-me a faser um trabalho e estou no 7ano

gosto deste seite !

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